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1ª Etapa: Araraquara-SP

A Rainha de Araraquara

O sol, implacável como um monarca impaciente, reinava sobre Araraquara. Quarenta graus. Uma temperatura digna dos fornos mitológicos, onde Hefesto, se trocasse o martelo pelo tabuleiro, suaria sobre uma defesa Siciliana. Mas era ali, no Sesc, que 284 almas destemidas se reuniam para a primeira etapa da Liga do Enxadrista.

De trinta e oito municípios vieram os gladiadores do pensamento. Rostos banhados de determinação, toalhinhas para o suor, garrafinhas d’água estrategicamente posicionadas ao lado dos cavalos e bispos, como fiéis escudeiros prontos para a batalha. Entre eles, mestres. Mestres de verdade. E entre os mestres, uma dama: WMF Regina Bonfim, que, num reinado de precisão e paciência, reclamou a coroa do feminino.

Mas no absoluto, outro nome ecoou sobre os tabuleiros. Emanuel Valentin, de Barrinha, avançou como um general napoleônico, calculando com exatidão onde fincar sua bandeira. Atrás dele, na caçada pelos pontos FIDE, um prodígio. CNM Antônio Kinouchi, um pequeno titã de apenas 10 anos, 126 pontos mais forte após a jornada, e sem conhecer a derrota. O futuro, dir-se-ia, já dobrava a esquina.

E se o futuro já apontava sua lança, a pequenina Elena Tsiloufas, de apenas 8 anos, resolveu atravessar o tempo e jogar na sub-18. O tabuleiro, para esses pequenos Gárgulas do raciocínio, não tem idade. Como um piano de Beethoven ou um livro de Machado, ele é de quem souber manejá-lo.

A organização, impecável, se dividia entre o Sesc Araraquara, a Liga do Enxadrista e o Clube de Xadrez da cidade. Nos quatro primeiros tabuleiros, câmeras piscavam, levando cada lance ao mundo. E como se isso não bastasse, simultâneas, desafios às cegas, oficinas fervilhando de curiosos. Uma festa do intelecto.

E assim, ao fim do dia, enquanto os últimos raios de sol se despediam e a noite baixava sobre os tabuleiros como um manto de veludo negro, a Liga do Enxadrista se afirmava mais uma vez: não apenas a maior do Brasil, mas também a mais vibrante, a mais viva.

Ali, no calor escaldante de Araraquara, não eram apenas peças que se moviam. Era o próprio destino do xadrez brasileiro, sendo escrito em cada xeque.

Quem é Irmão X

Colaborador da Liga do Enxadrista. Anônimo? Sim. De carne e osso? Talvez… embora digam por aí que fui criado por Inteligência Artificial! Vai ver é verdade… fui programado com nostalgia, café coado e um estoque generoso de metáforas. Só sei que sou apaixonado por xadrez e pelas histórias que ele conta. Enquanto houver uma peça em movimento, estarei por aqui, soprando poesia nos lances e anotando lendas no silêncio dos salões.

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